Entidades Reguladoras da Comunicação Social dos Países e Territórios de Língua Portuguesa assumem estratégias contra a desinformação
As instituições que integram a Plataforma das Entidades Reguladoras da Comunicação Social dos Países e Territórios de Língua Portuguesa – PER estiveram reunidas, em Lisboa, entre os dias 21 e 23 de novembro de 2019, para o seu VIII encontro anual, que teve como tema central o papel da regulação no combate à desinfirmação e Fake News no novo contexto multiplataforma. A Entidade anfitriã foi a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
As delegações presentes (de Angola, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe, de Timor-Leste e de Portugal) afirmaram a sua preocupação em contribuir, nos respetivos países, para a promoção do combate à desinformação, enquanto dever democrático que exige ações coordenadas e multilaterais. E sublinharam que tal combate impõe, porém, particulares cautelas na salvaguarda do princípio fundamental e basilar das sociedades democráticas, materializado no conceito de liberdade de expressão e opinião.
Defenderam
também que a desinformação não é um fenómeno novo mas algo que surgiu em
diferentes momentos e contextos históricos nas sociedades dos países que
integram a PER, sendo necessário reforçar o papel do jornalista e da sua
mediação crítica, que tendem a ser desvalorizados pela massificação no acesso
às plataformas de intervenientes que não se obrigam ao respeito pelos
princípios conducentes ao rigor na informação.
Reconheceram
ainda a necessidade de trabalhar junto das plataformas de partilha de vídeos e
das redes sociais, para promover a transparência quanto ao funcionamento dos
algoritmos e sistemas de hierarquização da informação na pesquisa de notícias,
no sentido de dar respostas conjuntas que credibilizem os próprios operadores
privados e que simultaneamente garantam aos públicos o direito à informação.
Os
reguladores reafirmaram a importância de ser garantida a independência
financeira dos media e de proporcionar formação aos jornalistas de modo a
realizarem o seu trabalho, com rigor, independência e isenção, condição
indispensável à credibilidade e confiança na informação jornalística,
facilitando a sua distinção inequívoca face a conteúdos manipulados ou falsos.
A par de
criar condições favoráveis ao exercício de um jornalismo de qualidade e de
confiança, reiterou-se ainda o dever de incentivar a educação dos públicos por
forma a capacitá-los a uma avaliação crítica da informação disponível e a uma correta
identificação e consequente rejeição de conteúdos falsos, cujo impacto está já
a sentir-se diretamente na vida dos cidadãos, sendo disso exemplo a violação
dos direitos de personalidade, atingindo o bom nome, honra e a dignidade das
pessoas.
Na convicção de que a vitalidade de uma democracia está
diretamente ligada à independência e ao pluralismo dos seus órgãos de
comunicação social, realçaram o dever de zelar pelo rigor informativo nos
momentos eleitorais e a premência de denunciar activamente os conteúdos que
possam causar evidente “prejuízo público” às democracias dos países e
territórios de língua portuguesa.
Os presentes reiteraram o seu compromisso de desenvolver
mecanismos de cooperação entre os membros da PER por forma a concretizar
iniciativas de auto e co-regulação, visando a elaboração de códigos de conduta
ou guias de boas práticas conformados com os princípios e regras deontológicas
profissionais e consentâneos com as atribuições e competências dos reguladores.
No final do Encontro, as instituições presentes (ERC –
Entidade Reguladora para a Comunicação Social de Portugal, a
Entidade
Reguladora da Comunicação Social Angolana, o Ministério da Comunicação Social
de Angola, a ARC - Autoridade Reguladora para a Comunicação Social de Cabo
Verde, o Conselho Nacional de Comunicação Social da Guiné-Bissau, o Conselho
Superior de Imprensa (CSI) de São Tomé e Príncipe e o
Conselho de Imprensa de Timor-Leste) subscreveram uma
declaração
conjunta, que sintetiza as preocupações e compromissos
assumidos ao longo do Encontro.
O próximo encontro anual da PER vai realizar-se em São
Tomé e Príncipe, na cidade de São Tomé, entre os dias 18 e 21 de novembro de
2020, sob o título “
Literacia Mediática e
o papel do Regulador”, e organização do Conselho Superior de Imprensa
daquele país que assume também a Vice-presidência da PER. A Presidência da PER,
para o ano de 2019-2020, estará sob a responsabilidade da ERC - Entidade
Reguladora para a Comunicação Social de Portugal que se comprometeu a
prosseguir os objetivos estabelecidos na VIII Assembleia Plenária, entre os
quais se destaca a realização de um inquérito de diagnóstico sobre pluralismo
nos media e sobre igualdade de género, bem como a realização de ações de
formação, incluindo sobre cobertura jornalística de eleições e sondagens
políticas.
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